Verdelândia - MG, 2015

Maria e Sula, casal cheio de vida, movimento e histórias. Em sua casa, as paredes e estantes estão ornadas com muitos retratos e fotopinturas de familiares, como na maioria da casa dos vovôs e vovós. Mas podemos ver também algo bem específico e valioso: algumas das muitas homenagens que Ursulino Pereira Lima recebeu por sua bravura ao compor o grupo de camponeses conhecido como “Posseiros de Cachoeirinhas”, que lutou contra os desmandos e violência do governo militar nos anos 60 e 70.
Em abril de 1967, através de braços e balas militares, o latifúndio avançou sobre a terra de Cachoeirinhas (atualmente localizada no município de Verdelândia, Norte de Minas Gerais), povoada e trabalhada por camponeses pobres. Ação autoritária e truculenta, o episódio ficou conhecido como o Massacre dos Posseiros de Cachoeirinhas. Os militares ameaçaram e perseguiram pessoas, invadiram terras, queimaram casas, destruíram plantações, torturaram e assassinaram dezenas - alguns estão desaparecidos até hoje. Aqueles que sobreviveram, ficaram sem teto e sem terra e se escondiam nas matas, onde enfrentaram a fome e o surto de sarampo, que matou mais de 60 crianças.
Os camponeses não se renderam. Nasceu daí a resistência dos “Posseiros de Cachoeirinhas” que, na pessoa de Sula, de sua família e tantos outros amigos e vizinhos, lutaram contra militares e latifundiários pelo direito à terra, à liberdade e a viver com dignidade. Pouco a pouco, foram retomando os territórios que lhes foram roubados pelo latifúndio e que hoje são desfrutados por seus filhos, netos e outros camponeses. Essa retomada de terra nunca acabou. Até hoje, descendentes dos Posseiros de Cachoeirinhas seguem na luta pelo que lhes é de direito: a memória de seus familiares torturados, assassinados e desaparecidos e as terras de onde nunca deveriam ter sido expulsos.
GOSTOU DESSA FOTOGRAFIA?
Compre-a e colabore com a luta dos Quilombolas em tempos de COVID-19.

Talvez você também goste...

VOLTAR