A INICIATIVA
Estamos vendo um desastre acontecendo. As omissões do governo federal em relação à pandemia, somadas às consecutivas investidas contra a vida das pessoas, os direitos dos trabalhadores,  o meio ambiente e a própria democracia brasileira, tão recentemente conquistada, apenas agravam o difícil momento que o país vive. Neste contexto, são as populações marginalizadas pelo Estado que recebem os primeiros baques. Diante dos planos de aproveitamento da pandemia para acelerar a devastação ambiental e o avanço do capital, os povos tradicionais, reconhecidos internacionalmente como os guardiões das águas e da biodiversidade, se colocam como obstáculos. Para amenizar os impactos sofridos por esses povos, é necessário construir redes de apoio mútuo e cooperação, é necessário se organizar. 
Fotossíntese. Imagem, terra, respiração e comunhão. 
Este projeto surge em busca de respiro em tempos de sufocamento. Com os povos tradicionais do Norte de Minas Gerais, através da Articulação Rosalino Gomes, e com o apoio do CAA - Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, construímos esta campanha. Para dividir conhecimento e beleza. Para contar histórias de resistência ancestral. Para fortalecer as lutas contínuas dos povos que corajosamente se colocam em oposição às oligarquias políticas, econômicas e agrárias em defesa de seus territórios, de seu modo de vida e de nosso meio ambiente. E através da parceria firmada com o premiado impressor Geraldo Garcia, do estúdio de impressão Imagem Impressa, disponibilizamos impressões em fine art das fotografias oriundas de nossos encontros com esses povos. São impressões de alta qualidade, com durabilidade de até 200 anos e selo da fábrica alemã de papel Hahnemühle
As fotografias estarão disponíveis para compra por 61 dias, com fim no Dia do Cerrado, 11 de Setembro. Metade de todo o recurso arrecadado será destinado para os povos e comunidades representadas nas imagens.
Estão representadas nesta iniciativa três populações tradicionais em cinco comunidades-territórios. Clique e conheça:  Quilombolas (Quilombo da Lapinha e Quilombo de Praia), Geraizeiros (Água Boa II e Sobrado) e Vazanteiros (Pau Preto). Para um mergulho mais profundo, clique aqui.
A EQUIPE
Breno Lima é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Desde 2016 trabalha com o fotodocumentarista João Roberto Ripper no projeto de conservação de seu acervo fotográfico.
Como fotógrafo, desenvolve uma documentação focada nas temáticas da Saúde e Direitos Humanos. Acompanha movimentos da Saúde Mental vinculados à Luta Antimanicomial e à Reforma Psiquiátrica no Rio de Janeiro e documentou a primeira Residência Multiprofissional de Saúde da Família com Ênfase na População do Campo, um projeto realizado pelo SUS, a Universidade de Pernambuco, o MST e o Movimento Quilombola no agreste pernambucano.  Já participou da documentação de populações tradicionais no agreste pernambucano e no Norte de Minas Gerais.

Contatos
brenocrispino@gmail.com
IG: @brenocrispinooulima
Sara Gehren é socióloga, com bacharel pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e licenciatura pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente é pós-graduanda do Colégio Pedro II, se  especializando em Educação das Relações Étnico-Raciais no Ensino Básico. Desde 2016 trabalha com o fotodocumentarista João Roberto Ripper no projeto de conservação de seu acervo fotográfico.
Como fotógrafa, desenvolve documentação focada nas temáticas das populações tradicionais, dos movimentos sociais e de organização e educação popular.  Documentou as ocupações secundaristas e universitárias de 2016, vem acompanhando as manifestações no Rio de Janeiro desde 2014, o cotidiano da Casa Mãe Mulher, espaço de acolhimento para mães e familiares que visitam seus filhos em cumprimento de Medidas Socioeducativas na unidade CAI-Baixada, do DEGASE, desde 2018 e o projeto educacional de filosofia para escolas públicas em territórios de conflito, Pensadores Cariocas, desde 2019.
Contatos
saragehren@gmail.com
IG: @saragehrenfotografia
PARCERIA

Bandeira da Articulação Rosalino Gomes de Povos Tradicionais do Norte de Minas

Homenagem do povo Xakriabá a Rosalino Gomes - Acervo CAA/NM

ARTICULAÇÃO ROSALINO GOMES
Constituída em 2010 e homenageando o indígena Xakriabá Rosalino Gomes, assassinado por fazendeiros em 1987, a Articulação Rosalino Gomes reúne toda a diversidade das populações tradicionais do Norte de Minas Gerais e do Alto Vale do Jequitinhonha em um movimento unificado de fortalecimento e organização comum de suas lutas. Participam desta articulação os indígenas Xakriabá e Tuxá, comunidades Quilombolas, Geraizeiras, Vazanteiras, Veredeiras, Catingueiras e Apanhadores de Flores.
Juntos e articulados, estes povos enfrentam as ameaças aos territórios tradicionais em que vivem e protegem, entre fazendeiros monocultores e pecuaristas, a monocultura do eucalipto e produtores de carvão, mineradoras e ações do Estado que passam por cima dos direitos dessas populações. A Articulação Rosalino Gomes surge da necessidade contínua de unificação para proteção dos povos, mas também da afirmação de suas identidades, culturas, histórias e memórias. Se coloca como uma união das lutas políticas, assim como troca e partilha de conhecimentos e afetos.
QUEM FOI ROSALINO GOMES?

A história da luta Xakriabá pelo reconhecimento de suas terras remonta mais de um século. Entre tentativas de diálogos com as instituições vigentes e violentas batalhas contra fazendeiros, posseiros e grileiros na região do norte mineiro, foi apenas em 1987, após uma sangrenta chacina, que tiveram sua terra homologada. Dentre as vítimas, estava Rosalino Gomes de Oliveira, liderança indígena que emergiu no escalamento dos conflitos de terra durante a ditadura militar.
Apesar de importantes conquistas ao longo de décadas de enfrentamento, o conflito por terras com os Xakriabá só recrudesceu, chegando às esferas do poder público. O governo federal encarnava o projeto militar para o campo. O governo estadual apoiava o agronegócio através da Ruralminas. E prefeitos de cidades como Itacarambi e São João das Missões se colocavam contra a demarcação das terras indígenas, realizada em 1979. Por fim, até a FUNAI se fez indiferente às ameaças ao povo Xakriabá. É nesse contexto que Rosalino Gomes emerge como liderança. Agindo sem a tutela da FUNAI, Rosalino articula a insurgência Xakriabá, retomando terras invadidas por grileiros e organizando ocupações, assentamentos e roças. Sua coragem e efetividade lhe garantiram tamanha fama que se tornou alvo. E, em 1987, com o país já livre da ditadura, Rosalino é assassinado na frente de sua esposa e filhos, junto com outras duas lideranças indígenas, Manoel Fiúza e José Santana. O mandante foi o fazendeiro Francisco de Assis Amaro, acompanhado de posseiros. 
O massacre chamou novamente atenção para o conflito e os Xakriabá receberam, enfim, a homologação de sua terra. Rosalino Gomes entra para a história como um mártir na luta por direitos. E a resistência dos Xakriabá se torna um símbolo de afirmação das múltiplas identidades dos povos tradicionais.
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