Quilombo da Lapinha, Matias Cardoso - MG, 2017

Dona Izabel de Souza Mota e Seu Passim cavalgam no Quilombo da Lapinha. Mais cedo, em sua casa, Dona Izabel nos concedeu uma entrevista. Seguem alguns trechos destacados:
- Assim no começo que eu entrei aqui, meus filhos não queriam que eu viesse. “Ah, mãe, aquele lugar não presta, a senhora vai acabar ali e vai morar numa casinha de lona. Ali a senhora não vai adquirir nada. Vai pra Ilha, morar na Ilha”, que a gente tinha uma casinha lá. E eu falei “Não, eu tô ali e vou ficar com meu povo. Eu vou lutar mais eles”. Porque eu sou atentada, eu sou teimosa, eu sou brigadêra nesses negócios de comunidade, eu gosto da luta. Aí eles foram se acostumando e hoje eles não querem sair daqui, não querem saber da cidade, só querem ficar aqui mais eu, na roça. Pena que a casinha é pequenininha, eu só fiz pra mim mais o meu velho, né? Eu não esperava que eles quisessem ficar. Então, assim, eu falo pra eles toda hora, “Então agora vamos crescer a casa, que é pra móde trazer vocês tudo praqui”.
Então eu fico muito orgulhosa por eles, porque eles reconheceram que eu tava certa. Eles viram que eu tava certa na luta. Então eu gosto do batuque, eu gosto do forró, eu gosto de rezar, eu gosto de tudo na vida. Eu gosto da roça, adoro a roça, a roça pra mim parece que… eu não gosto de cidade, eu gosto da roça. A roça é minha paixão e eu sei que vou morrer na roça.
O que nós precisamos aqui mais é desenrolar a terra, ter um poço artesiano pra gente, que aqui não temos. Sofremos muito com a água, o Rio São Francisco tá morrendo, tá seco, tá precisando de limpeza, tá muito sujo. O que nós temos que fazer mais é correr atrás mesmo em cima do governo para nos ajudar mais.
Eu gosto muito do lugar aqui, eu gosto dos quilombolas, acho que só saio daqui num caixão.
*Entrevista realizada por João Ripper e Josy Manhães.
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