Comunidade Geraizeira Água Boa II, Rio Pardo de Minas - MG, 2018
Esta flor é Lúcia, no quintal de sua casa. Ela é guardiã de sementes crioulas, uma liderança da comunidade, responsável pela criação da cooperativa comunitária de Água Boa II, que beneficia os frutos e alimentos do Cerrado. Ela é também uma das cabeças e braços por trás da resistência da comunidade que proporcionou a proteção de suas terras e o reconhecimento delas como Reserva de Desenvolvimento Sustentável por decreto presidencial (assinado em 2014 pela então presidenta Dilma Rousseff).
A região vive uma disputa entre os que desejam preservar as nascentes e a biodiversidade e a expansão da monocultura do eucalipto, usado na indústria de carvoaria. Nos últimos anos, foram dois grandes ataques à, agora reconhecida, Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Nascentes Geraizeiras, chamada pelos moradores de Reserva do Areião.
Nas duas situações, a única barreira entre as oligarquias políticas, econômicas e jurídicas da região e a destruição da biodiversidade e nascentes do Cerrado foram os geraizeiros organizados, mesmo com ameaças de processo, prisão e morte. Entre estes geraizeiros corajosos, estava Dona Lúcia.
Nas duas situações, a única barreira entre as oligarquias políticas, econômicas e jurídicas da região e a destruição da biodiversidade e nascentes do Cerrado foram os geraizeiros organizados, mesmo com ameaças de processo, prisão e morte. Entre estes geraizeiros corajosos, estava Dona Lúcia.
A importância das nascentes preservadas é indiscutível. Por exemplo, no ano de 2017, quando houve uma forte seca no Rio Pardo, que banha e abastece o município, moradores da cidade foram buscar água gratuitamente nas comunidades geraizeiras, o que só foi possível graças à defesa incansável das nascentes pelas populações tradicionais.
Lúcia já era professora em escolas comunitárias, mesmo não havendo terminado o ensino fundamental. E, poucos anos atrás, ela se graduou na UFMG em Ciências da Natureza, dividindo seu tempo entre sua comunidade e suas atividades acadêmicas em Belo Horizonte. Quando a visitamos, nos esbaldamos com o que o Cerrado dá: suco de cagaita e biscoito de farelo de mandioca. Uma delícia. Lúcia também nos mostrou sua linda reserva de sementes crioulas, guardada com muito orgulho, dedicação e amor.
Depois de uma entrevista de mais ou menos uma hora, pedimos para ela falar o que quisesse para a câmera. Ouça a mensagem de Lúcia:
Depois de uma entrevista de mais ou menos uma hora, pedimos para ela falar o que quisesse para a câmera. Ouça a mensagem de Lúcia:
Conheça mais sobre a luta geraizeira e a atuação de Lúcia:
